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Juventude à flor da pele

Células-tronco podem combater o envelhecimento

 

Guardar células-tronco jovens para evitar o envelhecimento precoce já é uma realidade no Brasil. Em Rio Preto, embora não fiquem na cidade, já é possível retirar as células aqui e enviá-las para laboratórios que as armazenam em nitrogênio. Segundo o dermatologista João Carlos Pereira, de Rio Preto, o procedimento visa a devolver à pele o brilho e a elasticidade. "Pode ser usada também para corrigir as perdas causadas pela idade, como falta do contorno facial, sulcos nasolabiais e rugas. Pode ser utilizada ainda para melhorar a aparência das cicatrizes de acne e outras alterações da derme", diz.

 

Contudo, ainda não conta com a regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que aguarda os resultados de estudos que estão sendo desenvolvidos por laboratórios em parceria com universidades, que oferecem o serviço de armazenamento das células-tronco inclusive para outros fins que não apenas o estético.

 

Há dois laboratórios deste tipo no Brasil, um no Rio de Janeiro (Excellion) e o outro em São Paulo (CordCell). "Acredito que a demanda em Rio Preto seria muito pequena para suportar um laboratório nesse nível. Principalmente por conta dos custos envolvidos. Mas os estudos em curso têm demonstrado resultados cada vez mais satisfatórios", diz.

 

Conselho

O Conselho Federal de Medicina (CFM) tem condenado a oferta em consultórios médicos do procedimento estético. Segundo o CFM, a técnica é a mesma já oferecida há mais de 20 anos e que implica na reintrodução de gordura no local a ser preenchido - retirado por meio de lipoaspiração, é introduzido em outras áreas do corpo que necessitam ser reorganizadas. Ela utiliza o fibroblasto (célula do tecido conjuntivo formadora de tecidos fibrosos do organismo) e surgiu nos EUA. Possui a aprovação do FDA (órgão regulador americano) e da Anvisa no Brasil.

 

A cirurgiã plástica Lydia Massako, professora da Universidade de São Paulo, e membro da Câmara Técnica, do CFM, explica que o potencial terapêutico e as perspectivas do uso das células-tronco adiposas (gordura) são altamente promissores para a medicina regenerativa.

 

"Mas não devemos nos esquecer que a experimentação animal e o uso de métodos de imagem in vivo são essenciais para a segurança e a eficácia desses procedimentos. As grandes expectativas relacionadas ao uso dessas células não justificam a eliminação dessas importantes etapas na área da pesquisa médica", diz.

 

Como funciona

O dermatologista rio-pretense explica que, no caso do tratamento estético, o armazenamento das células-tronco tem de ser feito de preferência em crianças e adultos. Elas são retiradas por meio de uma minibiópsia em determinada área ou por meio da microaspiração de um pouquinho de gordura.

 

"O material é congelado em nitrogênio líquido e levado ao laboratório, onde as células-tronco de fibroblastos são extraídas. Estas são cultivadas e se multiplicam, aumentando em milhões. Esse material coletado do próprio paciente é devolvido para o médico, em uma seringa estéril, e ele pode, então, ser reinjetado. Quando recebemos a seringa do laboratório, é injetada diretamente na pele, em microgotas, na área em que se deseja tratar. A sessão dura 30 minutos", diz. Em algumas semanas, as células já vão produzir um novo colágeno, minimizando o envelhecimento cutâneo.

 

João Carlos Pereira observa que, no caso da coleta das células-tronco do cordão umbilical e placentário, o procedimento é realizado logo após o parto. "Neste momento, o enfermeiro faz a coleta do sangue presente no cordão umbilical com uma agulha conectada a uma bolsa estéril. O armazenamento fica no laboratório e pode vir a ser usado a qualquer momento. Lembrando que as células são congeladas no ápice de seu desempenho, ou seja, logo após o nascimento, não sofreram alterações promovidas por elementos externos como poluição, alimentação, infecções, apresentando resultados mais promissores quando utilizadas no tratamento de doenças", esclarece.

 

O cirurgião plástico rio-pretense Rodrigo Antoniassi, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, vê de modo positivo o uso de tecnologia e métodos avançados em todas as áreas da medicina. "O uso de células-tronco para o rejuvenescimento ainda é recente, mas a cada dia vem ganhando mais espaço. O método auxilia em tratamentos estéticos, como o rejuvenescimento facial e no combate a rugas e outros sinais do envelhecimento. Também pode ser utilizado em outras áreas do corpo, como mãos e pescoço. Dá um aspecto de renovação ao tecido", diz.

 

Técnica levou dois anos para ser desenvolvida

Técnicas de vanguarda implicam em altos custos. A terapia celular, que manipula os fibroblastos, separados da gordura do paciente, procedimento que conta com aprovação da Anvisa, tem valores estimados em torno de 20 mil reais. No Brasil, a técnica levou dois anos para ser desenvolvida pela dermatologista Neide Kalil Gaspar, da Universidade Federal Fluminense (UFF), em parceria com o biólogo Radovan Borojevic, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e responsável pelo laboratório Excellion, que obteve licença no ano passado para manipular células retiradas da pele humana.

 

Segundo Neide, não é preciso regulamentar o uso clínico do método no país. "É como um enxerto de material retirado do próprio paciente", diz. Quem se submeteu à técnica e se sente realizada é a psicóloga carioca Ledir Nanci, de 50 anos, que participou das pesquisas. "Vivem me perguntando se fiz plástica para retirar as rugas do rosto", diz. O tratamento pode ser feito também como complemento de outros, como a cirurgia plástica.

 

Saiba mais:

Com o passar dos anos, os fibroblastos - células que garantem elasticidade à derme (camada interna da pele) - diminuem, e com isso surgem as rugas e os sulcos. As células-tronco são produzidas a partir de uma parte de tecido ou gordura retirados do próprio paciente. Depois de passar por um tratamento no laboratório, são extraídas as células novas que são utilizadas para promover o rejuvenescimento em áreas determinadas. A aplicação é muito semelhante a do botox. O médico aplica com uma seringa e as células, chamadas de fibroblastos, produzem mais colágeno e elastina, deixando a pele mais firme. Assim como o botox, o tratamento requer uma manutenção, que deve ser feita anualmente.Fonte: Rodrigo Antoniassi, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

 

ENTENDA COMO FUNCIONA A TERAPIA CELULAR:

O processo é baseado na coleta de um fragmento de pele que é enviado ao laboratório, onde os fibroblastos são separados das outras células da pele e tratados com fatores de crescimento, que estimulam sua multiplicação. Depois de algumas semanas, os fibroblastos cultivados são acondicionados em seringas, prontas para a aplicação. Após anestesia tópica (cremes anestésicos), o material é injetado na segunda camada da pele, a derme. São utilizadas seringas de 1 mililitro, com agulha fina, e a quantidade a ser injetada vai depender da necessidade de cada paciente. ResultadosEm geral, os intervalos serão definidos de acordo com a cultura individual, e as aplicações poderão ser feitas em média de dois em dois meses. O resultado não é imediato, já que não se trata de um preenchimento e sim de uma estimulação celular. As células injetadas vão se integrar à pele e começar um processo de restauração da derme, produzindo colágeno e substâncias da matriz extracelular. Os fibroblastos cultivados podem ser congelados em laboratório para serem utilizados no futuro.

 

Fonte: Cecília Dionízio - Diário da Região Link:

http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Noticias/Saude/174306,,Celulastronco+podem+combater+o+envelhecimento.aspx

 

 

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